Fazia tempo que não estava enxergando direito. O óculos já não servia. Imaginei que meu grau tivesse aumentado. Depois de muito enrolar, decidi marcar o oftalmologista.
Às 07h15 de uma terça-feira estava eu sendo atendida. O médico queria confirmar o laudo e falou que eu teria que dilatar as pupilas. Logo logo comecei a enxergar quase nada. Andando na rua de volta para casa parecia que tinham aberto a janela dos meus olhos. A claridade incomodava e nada que eu fizesse melhorava a sensação. Enxergar demais doía e me impedia ver de perto.
Eu não sabia quanto tempo ia durar a minha "cegueira". Por alguns instantes me senti no filme do Saramago, naquelas primeiras cenas. Do trânsito. Do carro. E do primeiro homem que fica cego. Principalmente porque fui dirigindo para o trabalho. E rezando para que nada de mal me acontecesse.
Fiquei pensando que de alguma forma eu andei com as pupilas dilatadas fazia um tempo. Enxergando bem de longe, mas embaçado de perto. E sem coragem para descobrir o que tinha à minha frente. Talvez porque manter a distância garantia não só a visão, mas também o controle de toda a situação. Mas não se pode ter o controle de tudo. E perdê-lo de vez em quando é muito bom.
Mesmo sem enxergar me dei a chance para descobrir.
Uma coisa boa disso tudo foi saber que o meu óculos nunca "resolveria" o meu problema. Ele é para astigmatismo e eu descobri que tenho miopia.
Às 07h15 de uma terça-feira estava eu sendo atendida. O médico queria confirmar o laudo e falou que eu teria que dilatar as pupilas. Logo logo comecei a enxergar quase nada. Andando na rua de volta para casa parecia que tinham aberto a janela dos meus olhos. A claridade incomodava e nada que eu fizesse melhorava a sensação. Enxergar demais doía e me impedia ver de perto.
Eu não sabia quanto tempo ia durar a minha "cegueira". Por alguns instantes me senti no filme do Saramago, naquelas primeiras cenas. Do trânsito. Do carro. E do primeiro homem que fica cego. Principalmente porque fui dirigindo para o trabalho. E rezando para que nada de mal me acontecesse.
Fiquei pensando que de alguma forma eu andei com as pupilas dilatadas fazia um tempo. Enxergando bem de longe, mas embaçado de perto. E sem coragem para descobrir o que tinha à minha frente. Talvez porque manter a distância garantia não só a visão, mas também o controle de toda a situação. Mas não se pode ter o controle de tudo. E perdê-lo de vez em quando é muito bom.
Mesmo sem enxergar me dei a chance para descobrir.
Uma coisa boa disso tudo foi saber que o meu óculos nunca "resolveria" o meu problema. Ele é para astigmatismo e eu descobri que tenho miopia.