quinta-feira, 19 de março de 2009

Pupilas dilatadas

Fazia tempo que não estava enxergando direito. O óculos já não servia. Imaginei que meu grau tivesse aumentado. Depois de muito enrolar, decidi marcar o oftalmologista.

Às 07h15 de uma terça-feira estava eu sendo atendida. O médico queria confirmar o laudo e falou que eu teria que dilatar as pupilas. Logo logo comecei a enxergar quase nada. Andando na rua de volta para casa parecia que tinham aberto a janela dos meus olhos. A claridade incomodava e nada que eu fizesse melhorava a sensação. Enxergar demais doía e me impedia ver de perto.

Eu não sabia quanto tempo ia durar a minha "cegueira". Por alguns instantes me senti no filme do Saramago, naquelas primeiras cenas. Do trânsito. Do carro. E do primeiro homem que fica cego. Principalmente porque fui dirigindo para o trabalho. E rezando para que nada de mal me acontecesse.

Fiquei pensando que de alguma forma eu andei com as pupilas dilatadas fazia um tempo. Enxergando bem de longe, mas embaçado de perto. E sem coragem para descobrir o que tinha à minha frente. Talvez porque manter a distância garantia não só a visão, mas também o controle de toda a situação. Mas não se pode ter o controle de tudo. E perdê-lo de vez em quando é muito bom.

Mesmo sem enxergar me dei a chance para descobrir.

Uma coisa boa disso tudo foi saber que o meu óculos nunca "resolveria" o meu problema. Ele é para astigmatismo e eu descobri que tenho miopia.

sábado, 14 de março de 2009

A loteria

Nessa história de que a gente se sabota, vejo a cada dia como isso é verdade.

A gente traz na bagagem os insucessos dos relacionamentos anteriores e sem acreditar que com uma nova pessoa a história pode ser diferente, a gente foge. Inventamos inúmeras justificativas para isso. Mas no fundo a gente tem medo de se entregar e sofrer.

Se a gente para pra pensar até faz sentido. Talvez a gente não queira colocar expectativas ou apostar nossas fichas em pessoas que não achamos serem o homem de nossas vidas. Mas será que descobrimos o homem de nossas vidas à primeira vista? Acho que não.

Pensar assim é contar com muitos pré-conceitos e não se dar a oportunidade da descoberta.

Reclamamos tanto de que nada acontece. Mas o que fazemos para mudar isso? Fugimos das oportunidades. Recusamos convites. Saimos pela tangente. Até quando?

A gente já sofre estando sozinha. Dar-se a chance de estar com alguém é arriscar. Pode dar certo ou não. E, ainda que o resultado não seja o esperado, pode ser muito bom. E, honestamente, vamos parar de pensar que tudo precisa ser sério e pra sempre. Mas que seja bom enquanto dure.

A gente precisa se permitir. Parar de correr disso tudo. Quem sabe até nossos pré-conceitos estejam corretos, mas pra descobrir isso a gente precisa pagar pra ver.

Não dá pra reclamar de não ganhar na mega-sena se você não faz sua aposta.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Beijinho

Após ler o e-mail enviado pelo seu chefe, o funcionário pega o telefone, liga no ramal dele e diz:

- Chefe, você beija quando fode?


O chefe acha a pergunta estranha, mas obviamente pensando em sua mulher bonitinha o esperando na cama responde:

- Beijo. Por quê?


E o funcionário responde:

- Então vem me dar um beijinho que você acabou de me foder.


:P

Brincadeiras à parte, essa eu lembro toda vez que surgem as bombas pra resolver pra ontem.

É uma correria, um pega pra capar, mas no fim tudo dá certo.

E, pode ser louco, mas eu gosto disso. A gente prova pra gente mesmo que somos capazes de resolver as coisas. Mesmo quando o tempo é curto.

E nada melhor do que ver as coisas de um jeito bem-humorado.

TPM

Então tá. Um dia bate uma tristeza sem fim. Emoções à flor da pele.

Você chora ouvindo música. Vendo filme. Até andando na rua. E sem bem saber porquê acha que tudo está ruim. Você questiona sua vida, seu caminho, sua direção. E pensa em tudo o que você abre mão.

Mas descontando a sensibilidade aflorada nesses momentos em que nós mulheres ficamos fora das condições normais de temperatura e pressão, questionar é sempre válido.

Refletir de onde viemos e para onde vamos nos faz ponderar se estamos no caminho certo.
Pelo menos serve para alguma coisa toda essa tensão vivida mês a mês.

E no fim, os dias passam e a TPM também.

Ainda bem.

domingo, 8 de março de 2009

O que não tem remédio

São 10 meses aqui. Tanta coisa já aconteceu. Tantas fases. Boas, ruins. E com certeza, a sensação é de bem mais que 300 dias. Tudo muito intenso. Alegria, tristeza. Encontros, desencontros, despedidas. E ainda hoje me emociono cada vez que me despeço dos meus pais quando eles vêm me visitar. Difícil. Talvez vá ser sempre assim. Ou não. Talvez seja o meu momento: muito solitária.

A verdade é que era mais fácil ser sozinha no Rio. Perto do mar e da minha família. Mas ainda assim, quando me perguntam se eu penso em voltar pra lá, eu digo seguramente que não. O vazio me acompanha aonde quer que eu vá. Não é nada novo. É como se faltasse um pedaço. É uma busca pelos meus sonhos. De formar a minha família. E quando isso acontecer, acho que tudo vai ganhar cor. Vai ganhar vida. Vai ganhar sentido. Mas enquanto isso não acontece, é uma busca. Apenas isso. E nessa busca, vou tentando aprender o que eu preciso aprender.

E aí, estar sozinha estando sozinha nessa cidade é bem mais doloroso. E acaba fazendo parte de um processo longo e difícil dessa mudança. É como zerar a sua vida depois de vivê-la 23 anos, tendo que recomeçar. Tudo do zero. Deixando lá todas as pessoas importantes de sua vida. Mas carregando toda a sua história na bagagem. É quando você vê que aonde quer que você vá, as histórias se repetem. É quando vemos que por n razões, explicadas em sessões de terapia, a gente acaba se sabotando. E acaba confirmando a nossa crença ao estarmos sempre sozinhos. E é isso que deixa tudo muito confuso. Pois no fundo, inconscientemente, você se coloca nessa situação. E você se pergunta: o que eu preciso aprender com isso?

A resposta não está no livro. A vida ensina aos poucos. Até que um dia a gente olha pra trás e ainda consegue rir de tudo isso. Mas, ter consciência disso é o primeiro passo. Ao menos você percebe que a terapia serviu para alguma coisa. Aliás para várias. É comum eu me pegar me analisando. No fundo o melhor aprendizado é o auto-conhecimento. E assim vamos vivendo. Uns dias melhores, outros piores. Mas vivendo. Tentando melhorar o que dá pra melhorar. Tentando curar o que dá pra curar. Vivendo o que se tem pra viver e acreditando (ou querendo acreditar) a cada manhã que tudo está valendo a pena. Alimentando os sonhos que trouxe de lá e a esperança de que tudo vai dar certo. Sufocando a saudade e contando com a ajuda dos novos amigos para tornar esse vazio mais ameno. Pois pra isso realmente não tem remédio.

Talvez agora faça mais sentido eu gostar tanto de correr, de fazer exercício. É a minha válvula de escape. Minha distração. Minha injeção de endorfina. Meu vício. Minha droga pra passar por essas fases. E não é à toa que são nesses momentos que eu mais freqüento a academia. É isso que as drogas fazem: anestesiam a dor. Enquanto isso, eu espero essa fase passar. Elas passam. Sempre passam. Espero que um dia, de vez.

Afinal, o que não tem remédio, remediado está.

terça-feira, 3 de março de 2009

Eterna busca

A sensação é de estar parada no tempo, mas o tempo passa.

O coração bate. Cada vez mais cansado e descrente de que algo possa acontecer.

Apesar da pouca idade, o sentimento é de uma vida inteira nessa busca. Como uma eternidade.

De quem carrega as cicatrizes de uma separação e a esperança de que um dia as coisas dêem certo.

Hoje, o que eu sinto é que o amor não é pra mim.

E isso leva a crer que até mesmo a mais otimista das pessoas tem seus dias ruins.

Quem diria?

Ela tinha 10 anos e ele 13 quando se conheceram. Ele foi seu primeiro namoradinho. Filho de amigos da família. A relação durou exatos dois anos, interrompidos pela mudança dele para outra cidade. Ela nunca mais teve notícias.

A vida seguiu. Ela conheceu um piloto, se apaixonou e mudou sua vida por ele. Foram 30 anos de uma escolha e muitas renúncias. Anos sofridos. Anos doentes. Desistiu de viver. Tentou a morte algumas vezes, mas sem sucesso. Separou-se. E sem ter para onde correr, precisou recomeçar.

Voltou para sua cidade, para sua família. Voltou a escrever suas poesias. Recuperou o contato com antigos amigos e, com o tempo, a alegria de viver. E quando não achava mais que poderia voltar a amar, ele voltou. Hoje, com 75 anos.

60 anos depois. Juntos. E felizes.

Quem diria?