quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

A bússola

Um novo ano irá começar.

Junto: Desejos, promessas, metas, destinos.

Importantes nessa busca.

É a nossa bússola. O que nos orienta.

Pois para quem não sabe aonde chegar.

Qualquer caminho serve.

Sim.

Quem não sabe o que procura.

Não percebe o que encontra.

Últimos dias

Os últimos dias do ano têm me feito pensar bastante em tudo que 2008 me ofereceu.

E pensar que há um ano eu nem sonhava com tantas mudanças.

Conclusão: Olho pra trás e sorrio.

Orgulhosa de ter tido coragem de mudar o que eu podia mudar.


De ter acreditado que era possível.

E, apesar de todas as dificuldades.

A certeza latente de que fiz a coisa certa.

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Um pouquinho

Ontem um pouquinho.

Hoje mais um pouquinho.

Amanhã mais um pouquinho.

Um pouquinho a cada dia.

Somados, bastante coisa.

Dói menos do que fazer tudo de uma vez.

Mas tem que ter calma. Paciência. Foco. Determinação.

Assim, de pouquinho em pouquinho, a gente chega lá.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Reencontros

Depois de idas e vindas, finalmente consegui reencontrar meus amigos.

É engraçado como tudo parece permanecer como antes.

Mesmo não estando mais no dia-a-dia. É sempre muito bom.

Muita conversa. Muita risada. Muitas lembranças.

Uma sensação de que voltamos no tempo. Ou ainda.

Que paramos no último encontro. Sempre a ser continuado no próximo.

Apenas uma sensação.

No fundo. A relação é igual.

Mas todos estamos diferentes.

Marcas do tempo.

Ainda bem.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Daqui

Eu gosto daqui.

Também gostava de lá.

Mas hoje, não volto.

Se voltar, volto diferente.

O amanhã? Ninguém diz.

Mas como diria Aristóteles.

Só a mudança é permanente.

Sou daqui.

Os sinais

Tem coisas que não precisam ser ditas.

Olhares. Sorrisos.

Dizem mais.

Prefiro ler seus sinais.


Quando eu crescer...

Cresci ouvindo meu pai dizer que eu tinha que ser alguém na vida.
Que deveria estudar bastante, buscar minha independência, andar por minhas próprias pernas.
Como boa filha. Eu ouvi e nunca esqueci.

Cresci ouvindo minha mãe contar que o sonho dela quando jovem era ser mãe e ouvia com carinho ela narrar como aquilo a tinha feito feliz.
Mas eu tinha tanta coisa para alcançar antes de pensar em construir uma família.
Este sonho ficou pra depois. Mas eu nunca esqueci.

Como toda menina, na infância pensei em ser atriz, modelo, dançarina.
Depois veio o sonho de ser jornalista, por gostar de escrever.
Tudo ficou confuso quando me encantei com os quadros de biologia ainda no colegial.
Não percebi que o feitiço era pela criatividade e achei que deveria ser médica.

Estava tudo encaminhado. Inscrição no vestibular. Tudo medicina.
Mas alguma coisa me dizia que eu deveria tentar a comunicação.
Mudei meus planos. Fui sem medo.

Deu tempo.

Entrei pra faculdade.
Tive dúvidas no meio do caminho. Normal.
Difícil ter certeza do que se quer aos 20 anos.

Mas no fim das contas deu tudo certo.

Cresci. Virei publicitária. E independente.

Agora posso sonhar em ser mãe.

Então é natal...

Chegou o natal.

Todo ano é igual.

Mas este ano tem um sabor especial.

Tempo de estar com a família.

De matar as saudades.

De ter um aconchego sem igual.

De saber as novidades.

E me sentir parte de um todo.

É tempo de paz.

É tempo de desejar juntos tudo de melhor.

Feliz Natal!

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

O sinistro

Bateu. Quebrou.

Abri um sinistro.

O conserto é rápido.

Trocou, tá novo.

Simples.

Quero botar meu coração no seguro.

Mais atenção

Um segundo de distração.

E a nossa vida escorre pelas mãos.

Aí vem o medo.

Medo de me machucar. Medo de fazer mal a outras pessoas.

Tudo é tão frágil. De uma hora para a outra, tudo se desfaz.

Mas ter medo é natural.

Significa que temos algo a perder.

A vida.

Mais atenção.

domingo, 21 de dezembro de 2008

No escuro

Não sei o que é.

Nem o que vai ser.

(ou se vai ser)

Mas meu coração dispara.


Frio na barriga.

Calor no corpo.

Tudo indica um caminho.

Mas custo a enxergar.

Está tudo escuro.

Em 2008...

Terminei um relacionamento que não tinha onde chegar. Desfilei no carnaval (de anjo). Pedi demissão. Vendi minhas coisas. Mudei de vida. E de DDD. Larguei o Leblon. Virei turista. Aprendi a poupar. Descobri que São Paulo também tem céu azul. Corri no parque. Joguei bola com as meninas. Com os meninos também. Andei de trem. Corri uma meia-maratona. Comprei um carro. Aprendi a viver com o que eu ganho. Senti frio. Comi bastante. Ganhei mais bochechas. Fiz surpresa para o meu pai no dia dos pais. Sorri. Chorei. Senti-me só. Fiz novos amigos. Apanhei da vida. Valorizei a família. Vi minha amiga casar. Viajei de ônibus pra economizar. Votei no Gabeira. Apaixonei-me. Desiludi-me. Coloquei SKY em casa. Corri a Samsung 10km. Machuquei meu pé. Voltei a fazer minhas unhas. Comecei a fazer massagem. Diminuí as corridas. Comecei a pedalar. Joguei capoeira. Conheci o Guarujá. Dancei. Estudei. Trabalhei bastante. Comecei o espanhol. Parei. Comecei a escrever no blog. Mobilizei pessoas para um natal solidário. Corri 6km na equipe da Click. Perdi encontro do planejamento. Conheci o estádio do Morumbi. Vi a Madonna. Bati o carro. Aprendi a gostar de capuccino. Abri um sinistro. Comemorei bons resultados. Comi muita comida japonesa. Tentei pegar o bouquet. Não consegui. Aprendi a ser mais flexível. Voltei a beber. Perdi as bochechas que ganhei. Arrumei a casa. Lavei muita roupa. Louça também. Aprendi a cozinhar. Ouvi muita música. MPB principalmente. Fiz a revolução do meu ano astral. Dormi de conchinha. Comprei um GPS. Fiz provas do MBA. Passei em tudo. Esqueci meu carro no estacionamento. Tive muitas dúvidas. Estive insatisfeita. Reagi. Aprendi a fazer meu planejamento financeiro mensal. Escondi meu consumismo nas profundezas do mar sem fim. Ajudei quando pude. Fiz o que estava ao meu alcance. Sorri. Muito. Sempre. Ainda bem.

Retrospectiva

Fim de ano.

Momento de olhar para trás e avaliar tudo o que fizemos.

Tudo o que aprendemos.

Tantas mudanças. Descobertas. Conquistas.

Não falo de bens materiais. Isso é muito pouco perto do que a vida nos oferece.

Falo de desafios. Aprendizado. Crescimento pessoal.

Não que seja fácil. Não é.

Muita dor em meio a isso tudo.

Mas a dor cura. Constrói um novo tempo.

Cheio de alegria.

Vale muito a pena.

Os outros

O grande erro das pessoas é deixar suas vidas nas mãos de outras pessoas.

Não podemos deixar essa responsabilidade para os outros.

Do contrário... tudo vira pó.

Se você não se preocupa, quem irá se preocupar?

Nós devemos escrever a nossa história.

Autores e protagonistas.


Jamais coadjuvantes.

Mas as pessoas tem medo delas mesmas. E fogem.

Aceitam relações desnecessárias para não ficarem sozinhas.

Deixam que outras tomem as rédeas de suas vidas.

E ainda ficam surpresas com os desfechos. E culpam os outros.

O problema não está no outro. Mas em nós mesmos.

Precisamos enfrentar nossas feras. Resolver nossos problemas.

Estar bem conosco para viver bem com os outros.

Aí sim estaremos preparados para uma vida a dois.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Devagar, quebra-molas

É engraçado como depois de uma desilusão tendemos a ficar mais resistentes.

Cautelosos. Desconfiados. E muitas vezes, frios.

Mas sem dúvida, mais fortes.

Essa postura nada mais é do que a forma que encontramos para nos defendermos.

Sim, é natural. É instintivo.

Mas o importante é não se fechar.

Não precisamos deixar de experimentar.

Isso é deixar de viver.

Nem sermos pessimistas, generalistas e outros istas.

Apenas não devemos ir com tanta sede ao pote.

Enquanto durmo

Quem nunca acordou no susto no meio de um sonho bom?!

O pior é tentar voltar a dormir na esperança que ele continue exatamente do ponto onde parou.

Doce engano.

Passamos dias e noites imaginando como seria. Fantasiando, é verdade.

É quando um belo dia você se depara com a oportunidade de dar continuidade a ele.

Embora você tenha receio de ser surpreendida mais uma vez por um susto, você tenta.

Mas não é mais como antes. Nada mais faz sentido.

E você se pergunta: o que estou fazendo aqui?

Tudo está diferente. Porque você está diferente.

Você não vive mais o sonho. Vira um espectador.

Um misto de alegria e tristeza.

A alegria de poder saber o final e a tristeza dele não ser como gostaríamos.

Mas isso é exatamente o que você precisa para seguir em frente.

Significa que você realmente acordou. Deixou o que ficou, para trás.

E agora está pronto para buscar novos sonhos.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Descoberta

Cada um traça seu caminho dia após dia.

Do ponto de partida ao de chegada existem inúmeras possibilidades.

Variações de tempo, distância e estradas.

Assim, nem sempre o trajeto é uma linha reta.

Pelo contrário. Cheio de ruelas. Cheio de atalhos.

Dessa forma, nem sempre é possível enxergar o horizonte.

Nem sempre conseguimos prever se aquela é a melhor opção para chegarmos ao nosso destino.

Para descobrir, é preciso arriscar. É preciso seguir nossa intuição.

É preciso virar a esquina.

Silêncio

Tanto se falou.

E o que restou?

Um silêncio ensurdecedor.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Por um instante

Quando nossos olhos se encontram.

Por um instante. Tudo é como antes.

No segundo seguinte. Tudo se desmancha.

E volta a ser o que é.

Nada mais.

Sorria

As coisas são como são.

Não tem jeito. Temos que aceitar. Aprender. Seguir em frente.

Não podemos deixar que uma coisa contamine todo o resto.

Até porque a vida é feita de contrastes.

Precisamos da lágrima para valorizar o sorriso.

E apesar de todos os pesares.

Quando você sorri pra vida.

Ela sorri pra você.

domingo, 30 de novembro de 2008

Quem sabe

Aprendeu a voar cedo. Foi criada solta.

Nunca a prenderam. Nunca conseguiram.

Mas sempre soube o caminho de volta. E sempre voltou.


Então, quis conhecer o mundo. Vê-lo com seus próprios olhos.

Para isso, precisava voar mais alto.


Aprendeu a se cuidar. A se defender.

Fortaleceu suas asas. Precisou de mais força.

Precisou aprender a gerenciar seu alimento. Sua fome.

Sua energia. Seu oxigênio.

Precisou reconhecer seus limites.


E então, bateu asas.

Em um vôo sem promessa de retorno.


Quem sabe um dia ela volta.

Pra contar tudo o que viu.

Pane no sistema

Você.

Disse que não tinha tempo.

Disse que não era o momento.

E jogou tudo fora. Assim. De repente.

Fui na lixeira e ainda estava tudo ali.

As lembranças. As músicas. Os contatos. Os planos.

Tentei esvaziar.

Pane no sistema.

Meu coração não tem Ctrl+Alt+Del.

Olhos de raio-x

Não me importa se você é bonito ou feio.
Mas que me faça sorrir.

Não me importa a sua idade.
Mas que cuide bem de mim.

Não me importa as coisas que você tem.
Mas que tenhamos os mesmos valores.

Não me importa de onde você vem.
Mas que queiramos chegar ao mesmo lugar.

Com meus olhos de raio-x eu tento te encontrar.

Pois o essencial é invísivel aos olhos.

A vida quis assim

Depois de 5 anos fomos morar em casas separadas.

Foi difícil. Bem difícil.

Eu não estava preparada pra isso. Nem ele.

Mas ela quis assim.


Há 8 meses eu tomei uma decisão.

Disse que viria morar em outra cidade.

Ele me apoiou. Com o coração partido.

Mas eu quis assim.


O maior amor do mundo.

É mesmo inexplicável.

Não há distância que nos separe.

Estamos conectados pelo coração.

É pai, a vida quis assim.

Qualquer coisa

Qualquer coisa que se sinta.

É melhor do que não sentir nada.

É sinal de que estamos vivos.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

O mundo gira

O mundo gira. Sim. O tempo todo.

Engana-se quem pensa que as coisas que vivemos são aleatórias. Obras do acaso. Pontuais.

Não são. Para alguma coisa elas servem. Sejam boas ou ruins, são sempre úteis. Construtivas.

O interessante é o fato de sermos supreendidos pelos mesmos personagens, porém em outros papéis.

Assim, o que antes era a solução, muitas vezes se torna o problema. E vice-versa.

Isso porque a vida é volátil. O tempo passa. As coisas mudam.

E cada um tem seus artifícios para lidar com seus problemas e tentar superá-los.

Cada um faz do seu jeito. Não tem fórmula. Não tem manual.

Mas é importante saber que o mundo gira.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Por quê?

É difícil aceitar certas coisas, principalmente quando você não as entende.

Tentamos encontrar respostas para a mesma pergunta. Por quê?

Racionalizar e colocar em nossa cabeça que foi melhor assim. Mas por quê?

No fundo temos a esperança de que um belo dia acordaremos e tudo voltará a ser aquele sonho bom. Por que não?

As respostas não vem em palavras, mas em atitudes.

É quando percebemos que as pessoas fogem da gente. Por que insistir?

O tempo não volta. Nada será como antes.

Sem mais pontos de interrogação.

Ponto final.

domingo, 23 de novembro de 2008

O vício

As pessoas usualmente procuram válvulas de escape na tentativa de esquecer seus problemas.

Algo que faça com que a realidade pareça melhor do que ela é de fato.

Ou ao menos, algo que faça esquecer de todas as aflições por alguns instantes.

Há quem busque saída na bebida, nas drogas. Mas essas são portas de entrada para caminhos bem mais complicados. E muitas vezes, sem volta.

Há quem busque saída até em relacionamentos, pessoas. Daí vemos relações cada vez mais doentias, como essas que estampam os jornais cada dia mais.

Mas a verdade é que as pessoas não olham a raiz do problema. Apenas o sintoma.

Não se preocupam em resolver suas questões. Mas em achar a melhor forma de não sentir dor.

No fundo todos querem não sentir. E fogem de si mesmo.

Recorrem a anestésicos. De início, algo pontual. Depois, constante.

Simplesmente porque a dor não passa. E, geralmente, aumenta.

E então, a dependência.

O vício.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Na contramão

Todo mundo já viveu amores impossíveis. O proibido sempre desafia.

O problema está em querermos fazer o impossível, possível.

Sem perceber que querer o possível do impossível é se contentar com muito pouco.

É ir na contramão de tudo o que buscamos em um relacionamento.

Não adianta contrariar a natureza. As coisas são para o que nascem.

Nascem assim. Morrem assim. (Salvo algumas exceções)

O erro não está em deixar acontecer. Mas em querer mais do que alguém pode oferecer.

Miolo do pão

Gosta de Nutella? Gosto.

Quer? Não, obrigada.

Pego o pão francês, retiro o miolo e o priminho pergunta:

- Não gosta do miolo do pão?

Gosto. Mas não como tudo que gosto.

"Atóda!"

Decidi dar um tempo do Rio, mas não da família. Peguei um ônibus e vim matar a saudade no meio do caminho. Lorena.

Pai, irmãos, avós, tia, primo e priminhos.

Chego e vejo o sorriso nos rostos. Família.

Crianças correndo pela casa.

Brincadeira da hora que acorda até a hora de dormir.

E ao deitar ainda ouço:

-"atóda! atóda! atóda!"

Crianças. Preenchem o dia, a casa, a vida e o coração.

Passatempo

Dorme, acorda, banho, café, trabalha, trabalha, trabalha.

Pedala, corre, malha, banho, almoça, trabalha, trabalha, trabalha.

Estuda, lava-roupa, janta, estuda, estuda, estuda.

Escreve, escreve, escreve... e dorme outra vez.

Enquanto isso o tempo passa à espera do tempo em que a vida terá algum sentido.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Vai saber?

A nossa mente é uma caixinha de surpresas.

Nela habitam milhões de pensamentos e sentimentos.

Tudo é produzido e guardado como em um baú.

E a maioria das coisas ficam ali guardadas por muito muito tempo.

Fico me perguntando quantas coisas boas deixam de acontecer, mal-entendidos de serem entendidos, amores de serem vividos, simplesmente pelo fato das pessoas não falarem o que pensam e/ou sentem.

Enquanto um pensa que está implícito, o outro não consegue ler os indícios.

Aí está a falha. Falta comunicação. Falta conversa.

Não sei bem ao certo a causa. Talvez medo. Receio.

Mas se um não fala, o outro não tem como adivinhar.

E saber é muito melhor do que imaginar.

Vai saber?

Não

Costumava dizer sim, muitas vezes só pra agradar.

Passava por cima da minha vontade, sem precisar.

Não sabia dizer não. Mas depois que aprendi, desandei a usar.

Quer fazer isso? Não.

Quer aquilo? Não.

Pq não isso? Não.

Não, não, não.

Não quero.

Pronto, aprendi.

Só não aprendi a ouvir.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

O que os olhos não vêem...

Tenho evitado ir ao Rio de Janeiro.

Apesar de ser muito bom sempre que visito, é muito difícil retornar.

A verdade é que ainda não me acostumei com essa nova vida. Mas não posso ficar fugindo sempre que dá.

Ir com frequência faz com que eu não me sinta daqui. Nem de lá.

Preciso me acostumar. Ter minha rotina. Meus amigos. Minha vida.

Então decidi. Rio agora só em datas-chave. Não é mais a prioridade.

Vamos soltar os laços. Segurar a saudade. E ver no que dá.

Aqui não é apenas uma fase. É o recomeço.

E isso sim, não dá para adiar.

E se...

Fazemos escolhas diariamente.

No fundo gostaríamos de entrar de cabeça apenas naquilo que desse certo.

Mas não tem jeito. Não dá pra saber. Não há garantias.

Precisamos seguir nossa intuição. Assumir os riscos e as consequências de nossa decisão.

É preciso tentar, pagar pra ver. Só assim sabemos o que era pra ser.

Evitar tudo o que pode dar errado é não viver.

E nem sempre o errado é tão errado que não valha a pena.

E nem sempre o que você julga certo é o melhor pra você. Tudo é relativo.

Mas vem, vambora. A vida é agora.

E é bom lembrar que "se" não faz história.

domingo, 16 de novembro de 2008

40 graus

Tudo doía. Tinha dificuldade de reagir.

Sentia falta de tudo e de todos.

40 graus de saudade.

Principalmente daquilo que não tenho e que tanto desejo ter.

E achando que nunca vai acontecer. Delírio.

Meu corpo reagiu. A febre baixou. A fase passou.

Aqui estou. Melhor.

:)

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Doce vida

Conhecer gente nova.

Descobrir verdadeiros amigos.

Sentir-me querida. Acolhida.

Isso deixa a vida mais doce.

(e menos cruel)

Eu gosto de pessoas.

Ou isto ou aquilo

Meus pais nunca deixaram faltar nada.

Ter isto e aquilo sempre foi muito natural.

Só que quando você tem tudo, não percebe o real valor das coisas.

Não existe escolha. Não existe trade-off. Não existe renúncia.

Hoje, vejo as coisas com outros olhos.


O valor do dinheiro e o reconhecimento das necessidades.

Só posso ou isto ou aquilo.

E às vezes, nem isso.

Nômade

Nas últimas semanas comecei a perceber que estava fugindo da minha própria casa.

Chegava tarde da noite e saía correndo logo que acordava. No fim de semana, idem.

Minha casa havia se tornado um lugar apenas para passar a noite. Dormindo mais precisamente.

Não era o fim. Mas o meio.

Comecei a perceber que adiar ao máximo a hora de ir para a casa era a tentativa de fuga de encarar a dura realidade: não ter ninguém à minha espera.

Mãe. Pai. Irmão. Vó.

Não tem ninguém.

Ninguém para dar satisfação.

Ninguém para ligar preocupado caso eu não volte...

E não tem lugar.

Não tem quadros na parede.

Não tem retratos no meu quarto.

Nem minha "cara" em minha casa...

Falta vínculo. Falta referência.

Tudo é portátil.

Sou nômade.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Outros tempos

Nos dias de hoje não é mais nenhum tabu que as pessoas dormem juntas.

Mas a questão é que não necessariamente elas dormem de fato. Esse é o jeito "bonitinho" de dizer que duas pessoas tiveram relações mais íntimas.

A velocidade com que as coisas acontecem, sem um maior conhecimento entre as partes, acaba muitas vezes gerando relações-relâmpago. Que começam e terminam num piscar de olhos.

Por impulso. Por fogo. Ou até por medo de que aquela seja a única chance das coisas acontecerem, as pessoas se entregam.

Por uma noite. Por alguns momentos. Para saciar seus desejos e vontades. Uma mera necessidade fisiológica.

Sem grandes envolvimentos. As pessoas não tem mais tempo pra isso.

Não que isso seja certo ou errado. É apenas uma constatação. Simplesmente acontece.

O resultado disso é que cada vez mais as pessoas estão carentes de afeto.

Não sentem falta de sexo. Mas de cia.

Pra dormir. Pra acordar. Pra rir. Pra conversar.

Mas pra isso é preciso tempo.

E isso sim é difícil de se achar.

domingo, 9 de novembro de 2008

Deu no jornal

A manchete disse que cada vez mais pessoas sofrem de um mal do coração.

Os hospitais estão lotados. Não há médico suficiente para atender a toda população.

A medicina não encontra uma explicação.

O sintoma? Dor. Muita dor doutor.

Pessoas cada vez mais solitárias e doentes.

Deixando de viver por medo do que pode acontecer.

Medo de ceder. Medo de gostar. Medo de ser feliz.

E sem saber que renunciar é o maior mal que pode haver.

Quebra-cabeça

Cada um de nós escreve sua própria história dia após dia.

Erros. Acertos. Tentativas. Sonhos. Esperança.

Trazemos conosco saudade, lembranças e cicatrizes.

Sinais de que estamos vivos. Sobrevivendo a cada novo dia. A cada nova história.

Expectativas. Desejos. Cansaço. Descrença.

Não por acaso, atraímos pessoas com histórias parecidas com a nossa.

Uma espécie de ímã. Como se achássemos no outro um pedacinho de nós que ficou perdido em algum lugar do caminho.

E assim, como um quebra-cabeça, vamos tentando nos encontrar.

Juntando cada pedaço.

E em busca da peça que irá nos completar.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Adaptação

Já são 6 meses. Todo esse tempo em terra estrangeira pra começar uma vida nova.

Um desafio profissional, mas pessoal também.

Deixar pra trás o conforto da casa dos pais e andar por suas próprias pernas.

Abrir mão dos bens materiais pra poder dar entrada no carro, necessário nessa cidade.

Entender o peso de sustentar uma casa ao ver que todo o seu orçamento vai no pagamento de suas contas.

Olhar as vitrines e não sentir vontade de comprar. Por achar supérfluo, ou simplesmente por dar mais valor ao dinheiro.

Ser dona do próprio nariz.

Não foi isso que eu sempre quis?

Vale muito a pena.

Déjà vu

Às vezes paro pra pensar nas coisas que acontecem e tenho a nítida sensação de que já vivi determinada situação. E de fato, não é apenas uma impressão. Eu já vivi.

Outros lugares. Outras pessoas. Outras histórias.

As situações se repetem. Neste caso não é uma questão de certo ou errado. Mas a questão da forma como você se relaciona com o mundo. A sua personalidade. O seu jeito.

Quando você se conhece é possível perceber a evolução disso ao longo do tempo. Desde o início, quando você ainda reconhece o terreno, até sentir segurança e ir se abrindo aos poucos. Cada passo desse processo.

Como tudo começa e no que se transforma. Em você.

Simplesmente porque assim que tem que ser.

Pois aonde quer que você vá, você é você.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Inesperado

É engraçado como queremos sempre ter o controle de tudo. Controle do que vamos fazer, de como vai ser, do que vai acontecer.

Vivemos em função de nossas agendas. Presos aos relógios. Correndo contra o tempo. Verdadeiros reféns de nossas rotinas e compromissos. Tão presos que muitas vezes não nos damos a oportunidade de deixar as coisas acontecerem sem premeditá-las. E ainda perdemos nosso humor quando as coisas não saem como o planejado.

O esperado é como o CD que você ouve no carro. Sabe exatamente as músicas que vão tocar. A sequência. As letras. E ainda, sabe que nada diferente do programado irá acontecer.

Mas a vida não é feita apenas de coisas esperadas. Ainda bem.

Viver coisas inesperadas envolve menor expectativa, mais leveza e menor chance de frustração. E certamente, promete boas doses de diversão.

Precisamos nos libertar. Nos permitir. Precisamos nos deixar ser surpreendidos pela vida. Precisamos muitas vezes retirar o cd e ligar o rádio.

É o elemento surpresa que faz a vida valer a pena.

É isso que faz a gente se sentir vivo. Protagonista de nossa própria história.

E é isso que muda nossas vidas.

Sonho bom

"Você deixou minha vida de pernas para o ar.

Minha casa. Meus estudos. Minha rotina. Meus objetivos.

Deixei tudo em segundo plano.

Esqueci de mim, perdi você."

Mentiras sinceras

Às vezes me pergunto se realmente queremos ouvir a verdade como dizemos. Se realmente queremos enxergar, ou preferimos fingir que não vemos.

No fundo temos medo. Medo do que vamos ouvir. Medo do que teremos que falar. Medo de magoar um ao outro. No fundo não queremos magoar ninguém, mas precisamos colocar limites. Precisamos respeitar nossas vontades.

Para isso as pessoas precisam falar. Com jeitinho. Nem que para isso utilizem motivos convenientes.

É menos difícil ouvir um "não" por meio de palavras doces e carinhosas. É mais fácil dizer da mesma forma.

Palavras e atitudes se contradizem. Quase paradoxal.

Mas quem ouve, não esquece as palavras. E quem diz, se exime da culpa.

No fim das contas preferimos assim. E nós entendemos o recado. Basta ler os sinais.

A verdade dói. Por isso as pessoas mentem.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Certo e errado

Você tenta fazer tudo certo. Ainda assim as coisas dão errado.

Mas a vida é assim mesmo. Imperfeita. Imprevisível.

E precisa ser. É na hora do tiroteio que você vê quem se esconde debaixo da mesa e quem te protege do perigo. O melhor de tudo é descobrir as pessoas a quem você pode recorrer. Verdadeiros amigos para todas as horas.

Assim, dar errado é relativo. Dar certo também.

É sempre uma relação de perdas e ganhos.

Tudo é uma questão de perspectiva.

Recalculando a rota

Hoje ao voltar pra casa fui surpreendida por uma intensa tempestade. Quase não conseguia enxergar o que estava à minha frente. Reduzi a velocidade e fui com atenção.

Fiquei pensando que em condições normais de temperatura e pressão não reduzimos a velocidade. Pelo contrário, tendemos a aumentá-la. É a pressa em viver as coisas. Em chegar aos destinos.

Muitas vezes esquecemos que o mais importante não é o lugar onde chegamos, mas o caminho que percorremos para alcançá-lo. As pedras encontradas. Os desvios. A ventania. A tempestade.

Sobreviver à tudo isso é o grande desafio.

Eu costumo contrariar meu gps só pra fazê-lo trabalhar. Só para fazê-lo recalcular a rota. E assim, conhecer novos caminhos que me levem a um determinado lugar. Tentativa e erro. Errar para conhecer. Errar para aprender. Errar para enfim acertar.

A velocidade promete uma chegada mais rápida. Mas uma freada mais abrupta no primeiro obstáculo pode acabar com seus planos. Pode ser desastrosa.

Sem aprender os caminhos e sem chegar ao destino final.

Pra que a pressa?

domingo, 2 de novembro de 2008

Carta ao bom velhinho

Querido Papai Noel,

Sei que estou em falta com o senhor, afinal fazem mais de 15 anos que não lhe escrevo. Seja para pedir alguma coisa ou apenas para contar que tenho sido uma boa menina. Na verdade, preciso ser sincera. Quando fiquei maiorzinha me disseram que o senhor não existia e que os presentes de natal nada mais eram do que presentes comprados por meus pais. Como me falaram isso, achei que não fazia mais sentido escrever, e de fato, os presentes sempre estavam na árvore.

Só que há muito tempo venho pedindo um presente especial. Não é uma jóia, uma roupa, muito menos um carro importado. É um presente que o dinheiro não pode comprar, pois simplesmente não está à venda. Um presente exclusivo.

Eu quero um amor. Não precisa ser desses de cinema. Pode ser um bem real. Com qualidades e defeitos, sim. Perfeito para mim. Que queira dividir seus dias, suas angústias, suas conquistas e que me faça sorrir ainda mais a cada dia. Que eu possa cobrir de carinho e beijos. Surpreender a cada momento. Que queira estar perto por vontade e que juntos escrevamos a nossa história e a de nossos vermelhinhos.

Tô pedindo essa ajuda, pois tem sido muito difícil encontrar. Como tenho sido uma boa menina, filha, neta, amiga e pessoa durante todo esse tempo, gostaria que o senhor desse uma forcinha e me ajudasse nessa empreitada. Quem sabe talvez o senhor exista, de repente as pessoas é que não sabem fazer os pedidos corretos, ficando presas apenas aos bens materiais, que elas mesmas podem ofertar.

O meu presente já existe em algum lugar.

Ele só precisa me encontrar.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Melhor assim

Domingo fui tomar café com uma grande amiga no Leblon. Sim, no leblon. Meu lugar de recarregar as energias, de me desligar um pouco de Sampa e lançar um olhar de fora sobre tudo o que anda acontecendo por aqui. O resultado? Muita reflexão.

Eu realmente não acredito que as coisas aconteçam por acaso. Tudo tem um motivo. Assim como também não é obra do acaso que a vida te bate com uma mão, mas te estende a outra.

Durante o café, minha amiga disse algo que me chamou a atenção. Que o desenvolvimento humano se dá a partir de dois pontos fundamentais: a tensão e o suporte.

Isso soou diferente aos meus ouvidos por olhar os recentes acontecimentos e perceber que estou passando por momentos de fortes turbulências nesse meu vôo. Por ter que respirar fundo a cada dia e acreditar que tudo vai dar certo, que tudo está valendo a pena e que chegarei ao meu destino sã e salva.

No início essa tensão te causa desespero e você até acha que esse é o fim do mundo. Em seguida, você consegue deixar um pouco a emoção de lado e analisa racionalmente a situação. Você lembra que não adianta se desesperar e que você não é mais criança para querer que os outros resolvam suas questões por você. Que se isto está acontecendo, é porque você precisa aprender alguma coisa. É claro que tudo tem o seu tempo de digestão. Escrevendo parece que é um processo rápido, mas cada um tem seu tempo, e muitas vezes precisamos de dias, semanas e até meses para assimilar tudo.

Mas o importante é que assim você vai pra frente. Essa tensão toda te movimenta. Perceber que o jogo não está ganho te faz correr atrás do resultado. Pois não existe zona de conforto nas incertezas. E certamente, no fim das contas, tudo isso acaba sendo muito construtivo e positivo. Você se desenvolve.

Por outro lado, passar por tudo isso sozinha é, de fato, muito complicado. Muitas pessoas só reclamam das porradas que levam da vida, sem perceber e aproveitar, o suporte que ela lhe oferece com a outra mão. De uns tempos pra cá as coisas ficaram mais difíceis, sim. Mas não por acaso isso aconteceu em um momento em que alguém sentou ao meu lado neste mesmo vôo. Alguém para quem eu dou a mão nos momentos mais difíceis e vice-versa. Isso me conforta e faz com que eu siga o vôo com mais calma e serenidade. Apesar das turbulências.

A tensão, mas o suporte.

Melhor assim.

domingo, 12 de outubro de 2008

"All we need is love"

Esse fim de semana vivenciei uma experiência emocionante: o casamento de uma grande amiga.

Tanta emoção também se deve pelo fato de ser a primeira das amigas a se casar. A primeira a realizar o sonho de todas as cinderelas espalhadas por aí. A primeira a escolher alguém para viver pelo resto de sua vida.

A felicidade estava estampada em seu rosto. Os pais, radiantes. Todos os amigos reunidos abençoando esse amor que a levou para outro país. Mas toda a sua alegria era a evidência mais clara de que, apesar da distância, tudo aquilo estava valendo a pena. E tudo isso conforta e tranquiliza os corações que aqui ficam e que só desejam sua felicidade.

Para mim, ser espectadora de tudo isso, mostrou o quanto estava valendo a pena ter pego a ponte aérea para viver esse momento. Estar perto. Comemorar sua felicidade. Mostrar o quanto ela é importante para mim. E ainda, o quanto pode ser triunfante ouvir e seguir nosso coração. O fato de eu ter cogitado perder esse momento, tornou ainda mais evidente toda a sua importância, e me fez aproveitar cada segundo dessa festa.

Toda essa reflexão só mostra que o que realmente importa, não são as coisas que você tem, mas as pessoas com quem você se relaciona e o sentimento construído com cada uma delas, a experiência vivida.

Pois o sentimento, o amor, é o que você leva consigo aonde quer que você vá. Não tem fronteira, nem limitações geográficas que impeçam isso. A saudade e as lembranças ficam guardadinhas em um cantinho escondido e especial do coração. E tudo isso é o que nos move e faz com que nos sintamos vivos. É a nossa bagagem. É o que faz parte da gente. É o que faz a vida valer a pena.

Não podemos jamais esquecer disso. Nem deixar que a correria do dia-a-dia faça com que a gente coloque isso em segundo plano. Pois no fim das contas, all we need is love.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Tudo que é sólido se desmancha no ar

Demorei a escrever pois estava difícil parar e organizar os pensamentos.

Tudo toma grandes proporções quando estamos longe do nosso lugar. Longe do conforto da família. E, principalmente, sozinha nessa cidade fria e cinzenta.

Fiz o possível para que minha adaptação fosse a menos traumática possível. Mas nem por isso deixo de viver as angústias que um processo de mudança como esse oferece para a gente.

As coisas não estão fáceis. Mas também não achei que seriam. Certamente não estou poupando em nada meu potencial de enfrentar desafios e tomar decisões. De me reinventar a cada novo dia. De perceber que eu tenho medida e que, mesmo com sacrifício, é possível viver com o que eu tenho... Hoje, entendo perfeitamente o peso de sustentar uma casa e tiro os eletrodomésticos da tomada para economizar na conta de luz.

Vivo em busca do equilíbrio entre a razão e a emoção. E desfruto boas doses de alegria e tristeza. Sim, elas coexistem.

Crescer dói, bastante. E fica cada vez mais evidente a importância e a necessidade de reconhecer meus limites, e ainda, estabelecer limites.

É impressionante a velocidade com que as coisas acontecem. A forma. No meu caso, são apenas 5 meses em uma atmosfera de desafio, mudança e adaptação. Isso me lembra as aulas de sociologia, quando estudava a modernidade. Em que Berman dizia que o homem moderno vive sob o “redemoinho de permanente mudança e renovação, de luta e contradição, de ambigüidade e angústia”. Um misto de sentimentos, bons e ruins. Um tempo em que o tempo de digerir as coisas é rápido demais. Em que preciso ter a lucidez de entender, me posicionar e ainda encontrar forças para renascer das cinzas. Continuar seguindo em frente e ter a consciência de que há muito mais por vir.

Hoje consigo entender, mais do que nunca, o que aqueles autores queriam dizer com a síntese da vida moderna: a dialética. Onde existe a necessidade da destruição do velho para construir o novo. E onde o velho carrega o germe de sua própria destruição.

Olho-me muitas vezes e não me reconheço. Vejo-me quebrando meus próprios tabus, afrouxando minha radicalidade e minha severidade comigo mesma. Começo a perceber que entre o branco e o preto existe o cinza, e que não precisamos viver nos extremos. Começo a me permitir.

Vivemos o império do efêmero. Das modas rápidas. Da sociedade do consumo. Do individualismo. Da dificuldade de entender o outro e estruturar relações. A modernidade impõe a insegurança das incertezas, a crise dos parâmetros, a desarmonia. E isso tudo incomoda. Muito.

Tudo muda num piscar de olhos. Numa frase. Num silêncio. A linguagem não verbal muitas vezes diz muito mais do que qualquer palavra. Mas não medir as palavras pode ter efeito ainda mais devastador.

A cada segundo uma escolha e ao mesmo tempo uma renúncia. A cada ação, uma reação.

E de repente, não mais que de repente, tudo o que é sólido se desmancha no ar...

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

"Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara."

Domingo passado fui ver a obra de Saramago na telona.

A história mostra como uma epidemia, que a princípio coloca todos em uma situação de igualdade, pode levar à desorganização e à superação dos valores mais básicos da sociedade, transformando seus personagens em animais egoístas na luta pela sobrevivência.

Eu já tinha lido o livro para a faculdade há quase 4 anos. A leitura já havia sido uma experiência densa, profunda. Assistir sua filmagem foi como materializar tudo o que Saramago, com seu texto altamente descritivo, havia construído em minha mente durante toda a leitura. Uma coisa é fato: tanto o filme como o livro te levam a muitas reflexões.

Após ver o filme, relembrei de todas as análises feitas para a faculdade. Do anonimato dos personagens e da cidade, da atemporalidade da obra. Do papel de cada personagem na história e de alguns trechos que realmente me tocaram durante a leitura e durante o filme.


Certamente um filme de 2 horas não consegue ter toda a riqueza de detalhes que um livro de 300 páginas tem. Mas o filme cumpre muito bem seu papel e dá o tapa na cara de quem assiste.

A obra se resume em uma frase simples do livro: "Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara."

Difícil não refletir com tanta sobriedade de Saramago.

Mas chega de destrinchar a obra. O intuito aqui é apenas despertar o interesse de vocês.

O resultado é diferente para cada um de nós.
Então, para quem ainda não viu o filme, veja. E para quem tiver tempo, leia.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Braços abertos

Volta e meia me perguntam se eu sinto saudades do rio. Eu nunca sei bem o que responder.

Fato é que mudar de cidade é uma experiência antropológica. Tirar a lente da nossa cultura e ter que se adaptar ao novo é sempre um grande desafio, e no fim das contas promete ser bastante construtivo. Você passa a se perceber diferente, você passa a se conhecer melhor, simplesmente pq vc é o diferente nesse novo lugar, e essas diferenças ficam em evidência a todo momento. É outra atmosfera, outro comportamento, outro clima, outras gírias, outras formas de se vestir, de falar e se expressar. Hoje entendo quando me diziam que se eu usasse os shortinhos e as sainhas que estava acostumada a usar nos dias de sol pelas calçadas do leblon, em são paulo, certamente não seria bem vista. Não foi à toa que vendi 2/3 das minhas roupas antes de vir pra cá...rs...sábia decisão.

O engraçado de tudo isso, é que não estou completamente isolada da minha cultura. Volta e meia entro em contato por amigos, familiares e até mesmo quando visito minha cidade e percebo tudo de uma forma diferente. É a tal relativização. Precisamos sair do nosso lugar para perceber exatamente como somos. Quem somos. Para realmente nos conhecermos.

Eu amo minha cidade, sim. Pra mim ela sempre será a cidade maravilhosa, mesmo com todos os defeitos. E exatamente por isso todas as vezes que a visito, tento viver um pouquinho de cada lembrança gostosa que trago comigo. Seja pela corridinha no calçadão apreciando a vista, a água de côco nas areias do leblon contemplando o mar, o japa gostoso na Dias Ferreira na cia de amigos, e sim, é claro, estar muito pertinho da minha família.

Dizem que a distância une. Eu não tenho dúvidas. Você não só se olha e se percebe diferente, como também descobre o que realmente sente. Não só pelo lugar, mas pelas pessoas que ali ficaram. É a falta, é a distância que te faz perceber isso. Saber que as pessoas não estão mais tão próximas fisicamente nos fazem fortalecer ainda mais os nossos laços. E é por isso que o Rio de Janeiro é sinônimo de tantas coisas boas. Um lugar onde hoje eu vou de passagem. De encontros e despedidas. Mas de momentos e pessoas muito especiais.

Apesar de trazer todas essas lembranças gostosas, não me vejo mais morando lá. Sim, por que vim não só de mala e cuia, mas de coração. Não é questão de preferir uma ou outra. São completamente diferentes. Uma será sempre a minha terra natal, meu recanto. E a outra é onde eu vivo, onde recomeço e onde estou de braços abertos para tudo o que ela pode me oferecer.

:)

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Chega de desculpas

Dizem que opinião de mãe não conta, afinal elas sempre acham seus filhos lindos!

Mas quando sua mãe diz que você está engordando, é pq a situação está ficando preta.

Então, antes que a situação desça ladeira a baixo, é hora de correr atrás do prejuízo.

4 meses já se passaram, agora chega de desculpas: ansiedade, frio, mudança de cidade, solidão, falta do que fazer, nada disso mais será motivo para a compulsão da comida. Tá na hora de voltar ao ritmo e ao gás de sempre. Seja no rio ou em sampa tem que ter foco e controle para não deixar a peteca cair.

Não é pq são paulo não tem praia que precisamos querer comer o mundo. Vamos lembrar que um finde qualquer podemos arriscar um biquini sem neurose.

O importante é cuidar da saúde e se sentir bem. E eu me sinto bem melhor com alguns quilinhos a menos. Assim, vou com tudo no projeto "por um rostinho menos redondo"...

A consciência é o primeiro passo para a mudança. rs

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Dona da história

Lembro da época em que minhas obrigações se restringiam a coisas como passar de ano na escola, escovar os dentes, pedir licença para sair da mesa e respeitar os mais velhos.

Na hora de brincar bastava escolher a Barbie e o Ken, inventar os nomes e a história, construir a casinha, brincar até cansar e depois largar tudo de lado.

Hoje, vejo que minha Barbie tem nome, sobrenome, idade e muitas, mas muitas responsabilidades. Ela é dona da história. Tem sua própria casa, sua profissão e muitos sonhos a realizar. Vejo que encher o saco e deixar as coisas de lado não é uma opção cabível. E que como uma equilibrista, devo controlar todas as minhas bolinhas para que nenhuma caia no chão.

A arte de equilibrar é justamente conseguir distribuir sua energia para as diferentes bolinhas. Não deixar de lado seu trabalho, seus estudos, sua família, seus amigos, e nem sua vida afetiva. Permitir-se bons momentos de diversão é essencial, caso contrário desequilibra todo o resto. Então, no fim, vemos que no fundo tudo se resume a um problema de gestão. rs

A arte de viver é perceber a cada nova experiência um resultado, uma avaliação e um aprendizado. A questão aqui não é se punir ou lamentar. Mas perceber seus limites e entender até onde vc deve e quer ir, e pensar como isso se refletirá nas próximas ações. Isso é auto-conhecimento.

Essa é a minha história, e é escrita dia após dia, sem férias nem feriados. Cada novo movimento, um novo aprendizado. Cada novo desafio, uma nova bolinha. E cada vez mais, mais bolinhas.

Cada um é protagonista da sua história. Cada qual dono da sua.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Perdas e Danos

Fiquei consternada ao ver lágrimas escorrendo dos olhos verdes daquela menina. Ela tão triste, pude sentir seu mundo desmoronando. Algo irreparável. Insubstituível. Uma perda.

As perdas são sempre muito dolorosas e deixam cicatrizes em nossos corações. Um vazio que toma conta de tudo. Que deixa os dias mais tristes e sem razão. Onde as palavras se calam e perdem o sentido. Definitivamente não somos preparados para isso.

Podemos perder um ente, um amigo, um amor, um cãozinho, seja o que for. A dor é diretamente proporcional ao significado que aquilo tem pra cada um. Mesmo que muitas vezes a gente só descubra o quanto significa depois que tudo está perdido.

Os danos são os mais diversos e muitas vezes irreparáveis.

Ninguém sai ileso.

domingo, 7 de setembro de 2008

Complexo de Cinderela

Ouvi falar deste livro quando jogava papo fora com amigas queridas... fiquei encantada com o enredo e no mesmo dia tratei de comprar e começar a ler.

Meu interesse se deu principalmente pela fase que estou passando. Mudar de cidade. Cortar o cordão umbilical. Andar por minhas próprias pernas... e sim, muitas vezes me sentir sozinha e depositar minhas esperanças naquele que poderá surgir...

"Complexo de Cinderela" fala sobra a independência das mulheres nos dias de hoje... que quando se vêem sozinhas se mostram mulheres fortes, seguras, que correm atrás, trabalham, se sustentam, que têm autonomia, pois sabem que se elas não fizerem isso, ninguém o fará.

Mas, que ao mesmo tempo mostra como nossa cultura, educação e passado nos faz, mesmo que inconscientemente, querer ser dependente emocionalmente de outrem...

Se por um lado lutamos para conquistar nosso espaço, nosso trabalho, nossa vida, nossa liberdade, por outro, ainda depositamos nossas fichas à espera daquele que irá nos proteger dos males do mundo, à espera daquele que irá nos salvar.

Por incrível que possa parecer, dentro de cada uma de nós ainda resta a esperança de se viver um conto de fadas... à espera do príncipe encantado...

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Desesperar jamais

Tem semanas que tenho a nítida sensação de estar no olho do furacão. Mil entregas pra fazer de todos os lados e é quando percebo que 24h é muito pouco pra fazer tudo.

Tudo acontece numa correria só e quando você percebe, já foi.

Trabalho, mba, espanhol, academia, cuidar da casa, lavar roupa, preparar o almoço do dia seguinte, fazer compras, pagar contas, controlar gastos... ah, e ainda arrumar tempo (e din) pra se divertir.

Esse é o peso de andar com nossas próprias pernas...me vejo enlouquecida em meio a tantas coisas... E a única certeza que eu tenho é que se eu não fizer, ninguém fará por mim.

Mas, já dizia Ivan Lins: "Desesperar jamais..." essa é a hora de tentar manter a calma, fazer o que tem que fazer e pensar que no fim tudo dá certo.

(Pelo menos é o que dizem)

E é bom que dê mesmo...rs

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Bons ventos...

Nada como um bom jantar, uma boa conversa e uma excelente cia que não via há tempos.

Ouvir as mágicas novidades de alguém querido, contar um pouquinho da minha vida, rir dos perrengues que já passei nessa terrinha e lembrar com saudade dos bons momentos vividos num paraíso chamado Noronha...

Do céu estrelado ao mar transparente, dos peixes às tartarugas, dos golfinhos aos tubarões. Toda aquela beleza esplêndida e a natureza em um lugar com pessoas muito especiais.

Com certeza ninguém volta o mesmo depois de uma viagem dessas. É, certamente, uma epifania na vida de qualquer um. Comigo não poderia ser diferente. Contar como está minha vida me faz olhar pra trás, sorrir e ter certeza de que fiz a coisa certa.

E aqui estou, há 4 meses neste novo habitat. Ainda vivendo resquícios da euforia do novo e tendo certeza de que o melhor ainda está por vir...

sábado, 30 de agosto de 2008

Vamos sair da toca

Depois de uma chacoalhada da vida, vi que não ia dar pra ficar os fins de semana enfurnada em casa esperando alguma coisa acontecer.

Era esquisito passar a semana inteira desejando que o finde chegasse e quando isso acontecia, não ter nada especial para fazer.

Um dos desafios deste recomeço é justamente criar uma nova rede social, e para isso é preciso se fazer ver, é preciso sair da toca. Afinal, o jogo não está ganho.

Conhecer novas pessoas, novos amigos, novas relações. Quebrar a rotina pacata e sossegada dos meus últimos 3 anos e me permitir boas doses de diversão.

Afinal, ninguém é de ferro, não é mesmo?!

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Um lugar

Há tempos vinha pensando em ter um blog, um lugar onde eu pudesse compartilhar meus pensamentos. Falar dos meus sentimentos, planos e sonhos. Sim, muitos sonhos.

Um lugar em que eu pudesse mostrar minha vontade enorme de fazer as coisas acontecerem.
Um lugar em que eu pudesse compartilhar minhas alegrias, mas também meus momentos de tristeza.
Um lugar em que eu pudesse chorar as palavras, sem ter que guardá-las para mim.

Estou há quase 4 meses em um lugar onde fica evidente a falta de minhas referências.

Criar novas referências requer tempo e paciência.

É tempo de renovação.