sexta-feira, 26 de setembro de 2008

"Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara."

Domingo passado fui ver a obra de Saramago na telona.

A história mostra como uma epidemia, que a princípio coloca todos em uma situação de igualdade, pode levar à desorganização e à superação dos valores mais básicos da sociedade, transformando seus personagens em animais egoístas na luta pela sobrevivência.

Eu já tinha lido o livro para a faculdade há quase 4 anos. A leitura já havia sido uma experiência densa, profunda. Assistir sua filmagem foi como materializar tudo o que Saramago, com seu texto altamente descritivo, havia construído em minha mente durante toda a leitura. Uma coisa é fato: tanto o filme como o livro te levam a muitas reflexões.

Após ver o filme, relembrei de todas as análises feitas para a faculdade. Do anonimato dos personagens e da cidade, da atemporalidade da obra. Do papel de cada personagem na história e de alguns trechos que realmente me tocaram durante a leitura e durante o filme.


Certamente um filme de 2 horas não consegue ter toda a riqueza de detalhes que um livro de 300 páginas tem. Mas o filme cumpre muito bem seu papel e dá o tapa na cara de quem assiste.

A obra se resume em uma frase simples do livro: "Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara."

Difícil não refletir com tanta sobriedade de Saramago.

Mas chega de destrinchar a obra. O intuito aqui é apenas despertar o interesse de vocês.

O resultado é diferente para cada um de nós.
Então, para quem ainda não viu o filme, veja. E para quem tiver tempo, leia.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Braços abertos

Volta e meia me perguntam se eu sinto saudades do rio. Eu nunca sei bem o que responder.

Fato é que mudar de cidade é uma experiência antropológica. Tirar a lente da nossa cultura e ter que se adaptar ao novo é sempre um grande desafio, e no fim das contas promete ser bastante construtivo. Você passa a se perceber diferente, você passa a se conhecer melhor, simplesmente pq vc é o diferente nesse novo lugar, e essas diferenças ficam em evidência a todo momento. É outra atmosfera, outro comportamento, outro clima, outras gírias, outras formas de se vestir, de falar e se expressar. Hoje entendo quando me diziam que se eu usasse os shortinhos e as sainhas que estava acostumada a usar nos dias de sol pelas calçadas do leblon, em são paulo, certamente não seria bem vista. Não foi à toa que vendi 2/3 das minhas roupas antes de vir pra cá...rs...sábia decisão.

O engraçado de tudo isso, é que não estou completamente isolada da minha cultura. Volta e meia entro em contato por amigos, familiares e até mesmo quando visito minha cidade e percebo tudo de uma forma diferente. É a tal relativização. Precisamos sair do nosso lugar para perceber exatamente como somos. Quem somos. Para realmente nos conhecermos.

Eu amo minha cidade, sim. Pra mim ela sempre será a cidade maravilhosa, mesmo com todos os defeitos. E exatamente por isso todas as vezes que a visito, tento viver um pouquinho de cada lembrança gostosa que trago comigo. Seja pela corridinha no calçadão apreciando a vista, a água de côco nas areias do leblon contemplando o mar, o japa gostoso na Dias Ferreira na cia de amigos, e sim, é claro, estar muito pertinho da minha família.

Dizem que a distância une. Eu não tenho dúvidas. Você não só se olha e se percebe diferente, como também descobre o que realmente sente. Não só pelo lugar, mas pelas pessoas que ali ficaram. É a falta, é a distância que te faz perceber isso. Saber que as pessoas não estão mais tão próximas fisicamente nos fazem fortalecer ainda mais os nossos laços. E é por isso que o Rio de Janeiro é sinônimo de tantas coisas boas. Um lugar onde hoje eu vou de passagem. De encontros e despedidas. Mas de momentos e pessoas muito especiais.

Apesar de trazer todas essas lembranças gostosas, não me vejo mais morando lá. Sim, por que vim não só de mala e cuia, mas de coração. Não é questão de preferir uma ou outra. São completamente diferentes. Uma será sempre a minha terra natal, meu recanto. E a outra é onde eu vivo, onde recomeço e onde estou de braços abertos para tudo o que ela pode me oferecer.

:)

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Chega de desculpas

Dizem que opinião de mãe não conta, afinal elas sempre acham seus filhos lindos!

Mas quando sua mãe diz que você está engordando, é pq a situação está ficando preta.

Então, antes que a situação desça ladeira a baixo, é hora de correr atrás do prejuízo.

4 meses já se passaram, agora chega de desculpas: ansiedade, frio, mudança de cidade, solidão, falta do que fazer, nada disso mais será motivo para a compulsão da comida. Tá na hora de voltar ao ritmo e ao gás de sempre. Seja no rio ou em sampa tem que ter foco e controle para não deixar a peteca cair.

Não é pq são paulo não tem praia que precisamos querer comer o mundo. Vamos lembrar que um finde qualquer podemos arriscar um biquini sem neurose.

O importante é cuidar da saúde e se sentir bem. E eu me sinto bem melhor com alguns quilinhos a menos. Assim, vou com tudo no projeto "por um rostinho menos redondo"...

A consciência é o primeiro passo para a mudança. rs

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Dona da história

Lembro da época em que minhas obrigações se restringiam a coisas como passar de ano na escola, escovar os dentes, pedir licença para sair da mesa e respeitar os mais velhos.

Na hora de brincar bastava escolher a Barbie e o Ken, inventar os nomes e a história, construir a casinha, brincar até cansar e depois largar tudo de lado.

Hoje, vejo que minha Barbie tem nome, sobrenome, idade e muitas, mas muitas responsabilidades. Ela é dona da história. Tem sua própria casa, sua profissão e muitos sonhos a realizar. Vejo que encher o saco e deixar as coisas de lado não é uma opção cabível. E que como uma equilibrista, devo controlar todas as minhas bolinhas para que nenhuma caia no chão.

A arte de equilibrar é justamente conseguir distribuir sua energia para as diferentes bolinhas. Não deixar de lado seu trabalho, seus estudos, sua família, seus amigos, e nem sua vida afetiva. Permitir-se bons momentos de diversão é essencial, caso contrário desequilibra todo o resto. Então, no fim, vemos que no fundo tudo se resume a um problema de gestão. rs

A arte de viver é perceber a cada nova experiência um resultado, uma avaliação e um aprendizado. A questão aqui não é se punir ou lamentar. Mas perceber seus limites e entender até onde vc deve e quer ir, e pensar como isso se refletirá nas próximas ações. Isso é auto-conhecimento.

Essa é a minha história, e é escrita dia após dia, sem férias nem feriados. Cada novo movimento, um novo aprendizado. Cada novo desafio, uma nova bolinha. E cada vez mais, mais bolinhas.

Cada um é protagonista da sua história. Cada qual dono da sua.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Perdas e Danos

Fiquei consternada ao ver lágrimas escorrendo dos olhos verdes daquela menina. Ela tão triste, pude sentir seu mundo desmoronando. Algo irreparável. Insubstituível. Uma perda.

As perdas são sempre muito dolorosas e deixam cicatrizes em nossos corações. Um vazio que toma conta de tudo. Que deixa os dias mais tristes e sem razão. Onde as palavras se calam e perdem o sentido. Definitivamente não somos preparados para isso.

Podemos perder um ente, um amigo, um amor, um cãozinho, seja o que for. A dor é diretamente proporcional ao significado que aquilo tem pra cada um. Mesmo que muitas vezes a gente só descubra o quanto significa depois que tudo está perdido.

Os danos são os mais diversos e muitas vezes irreparáveis.

Ninguém sai ileso.

domingo, 7 de setembro de 2008

Complexo de Cinderela

Ouvi falar deste livro quando jogava papo fora com amigas queridas... fiquei encantada com o enredo e no mesmo dia tratei de comprar e começar a ler.

Meu interesse se deu principalmente pela fase que estou passando. Mudar de cidade. Cortar o cordão umbilical. Andar por minhas próprias pernas... e sim, muitas vezes me sentir sozinha e depositar minhas esperanças naquele que poderá surgir...

"Complexo de Cinderela" fala sobra a independência das mulheres nos dias de hoje... que quando se vêem sozinhas se mostram mulheres fortes, seguras, que correm atrás, trabalham, se sustentam, que têm autonomia, pois sabem que se elas não fizerem isso, ninguém o fará.

Mas, que ao mesmo tempo mostra como nossa cultura, educação e passado nos faz, mesmo que inconscientemente, querer ser dependente emocionalmente de outrem...

Se por um lado lutamos para conquistar nosso espaço, nosso trabalho, nossa vida, nossa liberdade, por outro, ainda depositamos nossas fichas à espera daquele que irá nos proteger dos males do mundo, à espera daquele que irá nos salvar.

Por incrível que possa parecer, dentro de cada uma de nós ainda resta a esperança de se viver um conto de fadas... à espera do príncipe encantado...

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Desesperar jamais

Tem semanas que tenho a nítida sensação de estar no olho do furacão. Mil entregas pra fazer de todos os lados e é quando percebo que 24h é muito pouco pra fazer tudo.

Tudo acontece numa correria só e quando você percebe, já foi.

Trabalho, mba, espanhol, academia, cuidar da casa, lavar roupa, preparar o almoço do dia seguinte, fazer compras, pagar contas, controlar gastos... ah, e ainda arrumar tempo (e din) pra se divertir.

Esse é o peso de andar com nossas próprias pernas...me vejo enlouquecida em meio a tantas coisas... E a única certeza que eu tenho é que se eu não fizer, ninguém fará por mim.

Mas, já dizia Ivan Lins: "Desesperar jamais..." essa é a hora de tentar manter a calma, fazer o que tem que fazer e pensar que no fim tudo dá certo.

(Pelo menos é o que dizem)

E é bom que dê mesmo...rs

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Bons ventos...

Nada como um bom jantar, uma boa conversa e uma excelente cia que não via há tempos.

Ouvir as mágicas novidades de alguém querido, contar um pouquinho da minha vida, rir dos perrengues que já passei nessa terrinha e lembrar com saudade dos bons momentos vividos num paraíso chamado Noronha...

Do céu estrelado ao mar transparente, dos peixes às tartarugas, dos golfinhos aos tubarões. Toda aquela beleza esplêndida e a natureza em um lugar com pessoas muito especiais.

Com certeza ninguém volta o mesmo depois de uma viagem dessas. É, certamente, uma epifania na vida de qualquer um. Comigo não poderia ser diferente. Contar como está minha vida me faz olhar pra trás, sorrir e ter certeza de que fiz a coisa certa.

E aqui estou, há 4 meses neste novo habitat. Ainda vivendo resquícios da euforia do novo e tendo certeza de que o melhor ainda está por vir...