domingo, 8 de março de 2009

O que não tem remédio

São 10 meses aqui. Tanta coisa já aconteceu. Tantas fases. Boas, ruins. E com certeza, a sensação é de bem mais que 300 dias. Tudo muito intenso. Alegria, tristeza. Encontros, desencontros, despedidas. E ainda hoje me emociono cada vez que me despeço dos meus pais quando eles vêm me visitar. Difícil. Talvez vá ser sempre assim. Ou não. Talvez seja o meu momento: muito solitária.

A verdade é que era mais fácil ser sozinha no Rio. Perto do mar e da minha família. Mas ainda assim, quando me perguntam se eu penso em voltar pra lá, eu digo seguramente que não. O vazio me acompanha aonde quer que eu vá. Não é nada novo. É como se faltasse um pedaço. É uma busca pelos meus sonhos. De formar a minha família. E quando isso acontecer, acho que tudo vai ganhar cor. Vai ganhar vida. Vai ganhar sentido. Mas enquanto isso não acontece, é uma busca. Apenas isso. E nessa busca, vou tentando aprender o que eu preciso aprender.

E aí, estar sozinha estando sozinha nessa cidade é bem mais doloroso. E acaba fazendo parte de um processo longo e difícil dessa mudança. É como zerar a sua vida depois de vivê-la 23 anos, tendo que recomeçar. Tudo do zero. Deixando lá todas as pessoas importantes de sua vida. Mas carregando toda a sua história na bagagem. É quando você vê que aonde quer que você vá, as histórias se repetem. É quando vemos que por n razões, explicadas em sessões de terapia, a gente acaba se sabotando. E acaba confirmando a nossa crença ao estarmos sempre sozinhos. E é isso que deixa tudo muito confuso. Pois no fundo, inconscientemente, você se coloca nessa situação. E você se pergunta: o que eu preciso aprender com isso?

A resposta não está no livro. A vida ensina aos poucos. Até que um dia a gente olha pra trás e ainda consegue rir de tudo isso. Mas, ter consciência disso é o primeiro passo. Ao menos você percebe que a terapia serviu para alguma coisa. Aliás para várias. É comum eu me pegar me analisando. No fundo o melhor aprendizado é o auto-conhecimento. E assim vamos vivendo. Uns dias melhores, outros piores. Mas vivendo. Tentando melhorar o que dá pra melhorar. Tentando curar o que dá pra curar. Vivendo o que se tem pra viver e acreditando (ou querendo acreditar) a cada manhã que tudo está valendo a pena. Alimentando os sonhos que trouxe de lá e a esperança de que tudo vai dar certo. Sufocando a saudade e contando com a ajuda dos novos amigos para tornar esse vazio mais ameno. Pois pra isso realmente não tem remédio.

Talvez agora faça mais sentido eu gostar tanto de correr, de fazer exercício. É a minha válvula de escape. Minha distração. Minha injeção de endorfina. Meu vício. Minha droga pra passar por essas fases. E não é à toa que são nesses momentos que eu mais freqüento a academia. É isso que as drogas fazem: anestesiam a dor. Enquanto isso, eu espero essa fase passar. Elas passam. Sempre passam. Espero que um dia, de vez.

Afinal, o que não tem remédio, remediado está.

3 comentários:

Anônimo disse...

Mari
Você me emociona!! Conseguiu tocar fundo mostrando através da sua busca uma sensibilidade tocante e uma coragem estimulante para os que ousam buscar seus caminhos.
Um beijo
Claudia

Luciana Andrade disse...

Sabe amiga, me peguei pensando em você esses dias. E com certeza (por motivos da vida) estamos um pouco afastadas...Sinto tanto sua falta, confessei isso até pra minha mãe outro dia.
Se te conforta, mesmo que um pouco distante eu estou aqui...E sempre vou estar aqui, aí, onde e quando você precisar.
Te amo sem tamanho!

Márcia Mesquita disse...

Oi Mari!
outro dia vi seu blog no nick do msn e entrei, ia comentar esse texto, mas esqueci!
Super te entendo! hahaha e olha que mudar pra SP foi a segunda mudança de cidade, mas dessa vez bem mais cruelzinha. Mas a gente se acostuma um dia. Tá morando onde? to morando em pinheiros, qualquer coisa que precisar, so gritar
bjss