domingo, 5 de abril de 2009

Perdi

É comum me perguntarem se sinto falta do Rio. Eu costumo dizer que não é do Rio. Mas que aqui sinto um vazio enorme. E isso sim me faz sentir falta da minha família.

Sinto falta da segurança que eu tinha em saber que eu podia ficar triste, mas que no fim de semana era só correr pra casa da minha avó para passar a tarde conversando com minha mãe e minhas tias que era diversão na certa. Ou das vezes que ficávamos ouvindo as músicas francesas da vovó ou o clássico chico buarque, enquanto a mamãe bebia uma cerveja com ela.

Das vezes que eu chegava em casa do trabalho e encontrava minha vózinha vendo novela na sala. E que mesmo entrando e saindo correndo pra academia, era bom chegar em casa e tê-la ali. Pra conversar um pouco, dar boa noite e o bom dia ao acordar. Ou então nos fins de semana, acordar e vê-la prontinha na sala esperando a hora de ir à missa, enquanto eu me preparava para ir à praia. Além de ter com quem dividir o mamão do café da manhã.

Do conforto que eu tinha em poder buscar ajuda conversando com meu pai e ainda correr o risco de acordar com um beijinho de bom dia quando ele passava cedo lá em casa. Ou ainda, das nossas corridas de rua, do nosso ritual na véspera das provas e da sensação gostosa de ver que ele estava sempre por perto.

Hoje, o mamão é só pra mim. As refeições são em pé e na frente da pia. Não tem pra quem dar bom dia. Nem boa noite. Não tem família no fim de semana. E durmo com a tv ligada pra disfarçar o silêncio.

Dizem que a gente dá valor quando perde.

É verdade.

Um comentário:

theintriguedtrader disse...

É... eu já morei 1 ano fora quando tinha 15, outro quando tinha 20, depois 1 ano sozinho, mas na mesma cidade, depois 1 ano sozinho, mas no Rio, pertinho.. e agora estou em Goiânia, voltando pro Rio todo final de semana e indo direto pra Niterói em vez de ficar na minha casa no Rio nos sábados e domingos... adivinha por quê?

Cada dia que passa eu dou mais valor à família, amigos e aos lugares que sempre fizeram parte da minha vida e me deixam confortáveis só de estar lá, mesmo que às vezes sozinho de passagem!