Nas últimas semanas comecei a perceber que estava fugindo da minha própria casa.
Chegava tarde da noite e saía correndo logo que acordava. No fim de semana, idem.
Minha casa havia se tornado um lugar apenas para passar a noite. Dormindo mais precisamente.
Não era o fim. Mas o meio.
Comecei a perceber que adiar ao máximo a hora de ir para a casa era a tentativa de fuga de encarar a dura realidade: não ter ninguém à minha espera.
Mãe. Pai. Irmão. Vó.
Não tem ninguém.
Ninguém para dar satisfação.
Ninguém para ligar preocupado caso eu não volte...
E não tem lugar.
Não tem quadros na parede.
Não tem retratos no meu quarto.
Nem minha "cara" em minha casa...
Falta vínculo. Falta referência.
Tudo é portátil.
Sou nômade.
Jura que você precisa de um psicólogo?
Há 8 anos
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