quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

O abcesso

Havia um caroço. Começou pequenininho, ali, atrás do pescoço. No início não dava muito pra ver, mas eu sentia. Aquilo me incomodava. O tempo passou e ele começou a crescer. De início não dei muita bola porque no fundo achava que aquilo podia desinchar sozinho. Mas não foi o que aconteceu. A minha vontade de arrancá-lo fora também contribuiu com isso. E quando me dei conta, ele já estava enorme, e não havia tempo que passasse que o fizesse diminuir. Às vezes a roupa de ginástica machucava. E ele não estava bonito para estar nas costas de uma menina. Ele estava visível e inflamado. Aquilo doía.





Isso me fez lembrar algo parecido que meu pai já tinha tido atrás da cabeça, e que tinha tido que tirar por meio de uma micro-cirurgia. Comentei com ele, e ele ficou preocupado, claro. Marquei um dermatologista, mas estes médicos nunca têm horário para emergências. Então, decidi ir ao hospital em plena terça-feira de carnaval.





Na recepção o atendente perguntou se eu podia falar o motivo da consulta. Antes que ele falasse isso eu já estava pensando no que ia dizer. No fim das contas achei melhor dizer que tinha um caroço atrás do pescoço. Afinal, eu não sabia o que era de fato. E ele colocou na ficha: um abcesso.





Ao ser atendida o médico pediu que eu fizesse uma ultrasonografia para ver o que tinha dentro do nódulo. Fiz tudo como manda o figurino. Depois das idas e vindas pelo hospital, o médico concluiu que provavelmente aquilo era um cisto sebáceo que inflamou e se tornou um abcesso. E chamou a cirurgiã.





A cirurgiã me veio com duas opções: ir pra casa, tomar 7 dias de antibiótico, fazer compressa de água quente e caso não diminuísse retornar em 3 dias para drenar o nódulo. Ou, drenar o nódulo, e tomar do mesmo jeito o antibiótico, e mais 3 dias de anti-inflamatório. A diferença seria a intensidade da dor no primeiro caso, uma vez que o antibiótico já estaria fazendo efeito.




Mas a idéia de voltar pra casa sem ter resolvido o problema, não fazia sentido nenhum pra mim. Fiquei pensando quantas vezes na vida escolhemos a primeira opção pelo medo de sentir dor. Mas fato é, que adiar o sofrimento não evita que sintamos dor no percurso. E, pelo contrário, não resolver pode trazer complicações bem maiores e muitas vezes irreversíveis.




E então, sem titubear, eu respondi: "Vamos acabar logo com isso. Vamos drenar."

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